segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Espumantes para o Ano Novo: Salton Reserva Ouro


Além dos espumantes que recomendei para o Natal (e que, obviamente, funcionam também para o Ano Novo), aqui tem mais um, bem interessante e bastante seco – ideal para quem está de dieta, já que “seco”, em linguagem de vinho, quer dizer “não-doce” – e não-doce quer dizer que sobrou pouco açúcar da fermentação (o chamado “açúcar residual”).


1. FICHA TÉCNICA
-- Produtor: Vinícola Salton
-- País: Brasil
-- Denominação de Origem: Não tem (as uvas são cultivadas no Vale dos Vinhedos, RS)
-- Uvas: Chardonnay, Pinot Noir e Riesling
-- Teor alcoólico: 12.5%
-- Ano: não informado

2. MINHAS NOTAS DE DEGUSTAÇÃO
-- No nariz: complexidade média-alta, bastante aromático, com aromas de pêssego (predominante), grapefruit e um final de maçã
-- Na boca: textura média, gosto predominante de grapefruit – o gosto é mais fraco do que os aromas (provavelmente por causa da uva Riesling: veja comentários abaixo).
-- Retrogosto: muito suave, de maçã

3. ONDE COMPREI E PREÇO
-- Supermercado Guanabara da Av. das Américas (Barra da Tijuca)
-- R$ 27,90

4. ALGUNS COMENTÁRIOS (e dicas de harmonização)
Mais uma vez, aqui, as uvas típicas de espumantes (Chardonnay e Pinot Noir, você já está começando a decorar, tenho certeza) estão presentes aqui. A novidade fica por conta da uva Riesling, de origem germânica (onipresente nos brancos da Alemanha e da Áustria). Essa uva é muito aromática e normalmente gera vinhos muito impressionantes no nariz.
Este é um caso. O nariz é tão impressionante que, realmente, na boca ele fica até um pouco decepcionante. Então vale a pena beber bem devagar, sentindo bastante o aroma e deixando o vinho ficar um pouco na boca, antes de ser engolido (bochechar, eu já não recomendo, a não ser que você queira passar de “excêntrico/a”).
Combinações interessantes para esse vinho são saladas (especialmente as com molho tipo vinagrete ou oriental (molhos que levam frutas cítricas)) e entradas (tipo canapés). Não recomendo com comida muito estruturada (carne e acompanhamentos, quero dizer). Mas, para falar de ano novo, vai bem com um prato de lentilhas, já que a sua puxada mais cítrica casa bem com o gosto mais picante da lentilha.
Feliz Ano Novo e muitos vinhos para todos vocês! 

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Espumantes para o Natal (2)


Aqui está o segundo espumante. Feliz Natal!.

1. FICHA TÉCNICA – Casa Gagliotto Brut
 -- Produtor: Casa Gagliotto
-- País: Brasil
-- Denominação de Origem: Não tem (as uvas são cultivadas na região de Flores de Cunha, Serra Gaúcha)
-- Uvas: Chardonnay e Pinot Noir
-- Teor alcoólico: 12,5%
-- Ano: não informado

2. MINHAS NOTAS DE DEGUSTAÇÃO
-- No nariz: complexidade baixa, aroma predominante de tangerina, com um toque de limão siciliano e um pouco de cravo
-- Na boca: textura bastante ácida, refrescante.
-- Retrogosto: suave de cravo

 
3. ONDE COMPREI E PREÇO
-- Supermercado Guanabara da Av. das Américas (Barra da Tijuca)
-- R$ 24,90

4. ALGUNS COMENTÁRIOS (e dicas de harmonização)
Ao contrário do primeiro espumante dessa série de Natal, este é um corte de uvas clássico em espumantes (Chardonnay e Pinot Noir). Tem um característica típica dos espumantes brasileiros (especialmente os da Serra Gaúcha), que é uma marcada acidez. Em espumantes, aliás, acidez é uma boa coisa – a questão está no equilíbrio. É claro que você não ia querer tomar um espumante que parece suco de limão fresco sem açúcar. Mas você também não ia querer um que parecesse sorvete de baunilha (desequilibrado no extremo oposto: doçura).
Este Casa Gaglioto, embora mais pendente para a acidez, é suave o suficiente para não ser desequilibrado.
Ótima pedida para aperitivos, mas, com comida, vai ficar meio fora de lugar. Seria como se você estivesse comendo a sua comida junto com um sorvete de frutas cítricas – uma combinação esquisita, mas vai que alguém gosta...
Que tal servir esse de entrada e o Miolo (ver o post anterior) com a ceia?

domingo, 23 de dezembro de 2012

Espumantes para o Natal (1)


Para a volta do blog, selecionei dois espumantes brasileiros para quem ainda vai fazer as compras para a ceia de Natal. O Brasil já é famoso por seus espumantes, mas, infelizmente, essa fama vem causando uma enorme subida de preços. Achar espumantes brasileiros em conta está cada vez mais difícil. Vamos aos dois selecionado para o Natal – o primeiro neste post e o segundo no próximo.


1. FICHA TÉCNICA – Miolo Terranova Blanc de Blancs
 -- Produtor: Miolo Wine Group
-- País: Brasil
-- Denominação de Origem: Não tem (as uvas são cultivadas no Vale de São Francisco, BA)
-- Uvas: Chenin Blanc, Sauvingon Blanc e Verdejo
-- Teor alcoólico: 12%
-- Ano: não informado

2. MINHAS NOTAS DE DEGUSTAÇÃO
-- No nariz: complexidade alta, aromas de pera, pêssego e um toque cítrico
-- Na boca: textura forte, gosto predominante de pera e limão.
-- Retrogosto: suave, cítrico

3. ONDE COMPREI E PREÇO
-- Supermercado Guanabara da Av. das Américas (Barra da Tijuca)
-- R$ 19,90

4. ALGUNS COMENTÁRIOS (e dicas de harmonização)
Essa foi uma gratíssima surpresa. A começar pelo preço: menos de R$ 20. E também pelo produtor. Eu nunca fui fã da Miolo. É uma vinícola enorme, que parece “atirar para todos os lados” e buscar mais quantidade do que qualidade. Mas esse espumante parece ter sido feito para eu queimar a língua: está fantástico.
A seleção de uvas, em primeiro lugar, foi bastante ousada. As uvas típicas de espumante – Chardonnay e Pinot Noir – não foram nem cogitadas. Foram usadas, em vez delas, uvas muito aromáticas (como a Chenin Blanc) e uma uva muito cítrica (isto é: com gosto de limão, laranja, etc.) (a Sauvingnon Blanc), que costumam dar vinhos brancos muito refrescantes. O resultado foi surpreendente. Um espumante diferente, com cara de vinho branco “com bolhinhas”.
Outra inovação deste vinho é o local de cultivo: o Vale de São Francisco, no norte da Bahia, local de muito sol e clima completamente diferente da Serra Gaúcha, de onde vêm a maior parte dos vinhos brasileiros.
É uma excelente pedida para a ceia de Natal: tanto como aperitivo, quanto como acompanhamento para os práticos típicos do Natal. Ele casará muito bem com molhos à base de frutas, como é tônica nos pratos natalinos.  

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Toro Loco 2011


1. FICHA TÉCNICA

-- Produtor: Bodegas Coviñas
-- País: Espanha
-- Denominação de Origem: Utiel Requeña
-- Uvas: Tempranillo (100%)
-- Teor alcoólico: 12,5%
-- Ano: 2011


2. MINHAS NOTAS DE DEGUSTAÇÃO
-- No nariz: complexidade média-alta, aromas de ameixa fresca, framboesa, pimenta-do-reino e um toque de cravo
-- Na boca: textura forte e macia, gosto predominante de ameixa com um toque de framboesa e pimenta.
-- Retrogosto: chocolate

3. ONDE COMPREI E PREÇO
-- wine.com.br (reservas e compras temporariamente esgotadas)
-- R$ 25,00
 
4. ALGUNS COMENTÁRIOS (e dicas de harmonização)
Esse vinho demonstrou os meus argumentos principais ao começar este blog: não é preciso gastar muito dinheiro para tomar bons vinhos, e a qualidade do vinho, quando varia em função do preço, não varia na proporção do preço maior.
Numa competição de degustação às cegas (onde os jurados não veem o rótulo nem nenhuma informação sobre o vinho que estão bebendo), na Inglaterra (tradicional formadora de sommeliers e enólogos), esse vinho ganhou a medalha de prata. O detalhe é que ele custava pouco menos de 4 Libras Esterlinas (em torno de R$ 12,00) e era vendido apenas em uma rede de supermercados. Sem pontuação nas revistas especializadas, sem pontuação no catálogo de Robert Parker. Para piorar tudo, o vinho é de uma região pouco famosa por vinhos, a região de Utiel Requeña, perto de Valência, no leste de Espanha, não muito perto do Norte, onde há a famosa região de Rioja.
Algumas notícias sobre esse vinho podem ser vistos aqui, aqui e aqui.
O vinho, na minha degustação, é muito bom, realmente. Praticamente sem taninos (aquela sensação adstringente e pegajosa na boca, que lembra, quando muito forte, caqui verde – “cica”), com aromas e gostos que misturam um pouco os vinhos de Bordeaux com toques de vinhos da América do Sul (principalmente Argentina), é um vinho bastante completo. Pode, inclusive, ser tomado sem qualquer comida ou aperitivo, coisa pouco comum para vinhos espanhóis.
Boas dicas de acompanhamento, se for o caso, incluem carnes vermelhas, frango bem temperado e, claro, “tapas” espanhóis. Aqui, ele combinaria bem até com peixes aperitivos, como sardinha ou anchova. Uma excelente pedida seria tomá-lo com pães e “sardella” (aquela pasta italiana feita à base de tomate, sardinha e azeite).
Não é um vinho espetacular e épico, na minha opinião – como a sua história sugere. Mas é um vinho excelente, por um preço igualmente excelente. E provou que, ao menos, compete com vinhos muito mais caros do que ele. Preço não é tudo.
P.S.: Quem está no Brasil, por enquanto, não terá oportunidade de comprar esse vinho. Mesmo assim, quis colocá-lo aqui no blog, até pela força simbólica da sua história. Para os meus leitores que estão na Europa (estou ficando muito chique...), vale a pena procurar por aí. 

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Paulo Laureano Clássico


O vinho dessa semana é uma recomendação do meu grande amigo, grande chef e grande sommelier (ao contrário de mim, com um diploma) Leopoldo Mayrinck. É o segundo “patrício”, o que demonstra o que eu já disse antes: os Portugueses estão campeões em custo-benefício (ao contrário de em Futebol, onde eles têm o jogador mais caro e mais inútil do mundo, para a sua seleção...).

1. FICHA TÉCNICA
 -- Produtor: Paulo Laureano (o Leopoldo disse que conheceu o “fera” em Portugal e que ele é uma figura. Fica a dica para quem estiver de malas prontas para lá).
-- País: Portugal
-- Denominação de Origem: Não tem; mas tem uma Indicação Geográfica Típica (IGT): Regional Alentejano (ver mais nos comentários)
-- Uvas: Trincadeira, Aragonez e Alfrocheiro
-- Teor alcoólico: 13%
-- Ano: 2010.

2. MINHAS NOTAS DE DEGUSTAÇÃO
-- No nariz: complexidade média-alta, aroma de framboesa, canela e aniz
-- Na boca: textura forte, tanino marcante (mas não exagerado), gosto de amora e framboesa.
-- Retrogosto: ameixa seca


3. ONDE COMPREI E PREÇO
-- Supermercado Prezunic da Rua General Polidoro (Botafogo)
-- R$ 25,90


4. ALGUNS COMENTÁRIOS (e dicas de harmonização)

Portugal, depois da União Europeia, passou a ser um importante centro produtor de vinhos, saindo de uma tradição fraca de vinhos excessivamente doces (o que nós brasileiro conhecemos muito bem, com os nossos “Sangues de Boi” – pronuncia-se “boá”, para quem não sabe...). Ultimamente, o custo-benefício vem sendo a marca dos vinhos portugueses – embora alguns deles, especialmente os reservados da região do Douro, sigam ganhando festivais e indicações de especialistas.
O nosso vinho da semana é de uma região cada vez mais proeminente em Portugal, o Alentejo. Os vinhos alentejanos costumam ser mais suaves, tanto na textura quanto no aroma/sabor, o que faz deles, normalmente, excelentes acompanhamentos para peixes gordurosos e coesos como o bacalhau.

Embora não seja da Denominação de Origem Protegida (DOP) Alentejo, este vinho tem uma Indicação Geográfica Típica (IGT) da Região Alentejana. Para facilitar a nossa vida, vamos estipular que a diferença entre um selo “DOP” e um “IGT” está apenas no nível de exigência que autoridade que certificadora impõe. Os DOPs, além da exigência da localização geográfica (“terroir”, em “Vinhês”), também têm exigências sobre seleção de uvas, percentagens máximas e mínimas de cada uva, tempo de maturação em barrica, e possivelmente outras exigências. O resultado é um vinho mais uniforme, mas não necessariamente melhor. Alguns produtores, livres das exigências dos DOPs, podem ser mais criativos e seguir mais a sua intuição. Além do mais, como têm menos exigências, os vinhos tendem a ser mais baratos. Na Itália, por exemplo, os IGTs frequentemente produzem vinhos excelentes, a bom preço (procurem os da região da Toscana, por exemplo).
Este Paulo Laureano é um bom exemplo de como a criatividade pode casar bem com o vinho. Apesar de ser um Alentejano, este vinho tem características muito parecidas com os vinhos bordaleses (ou seja: da região de Bordeaux, na França, para quem não ligou o nome à pessoa), tanto no sabor, quanto na textura. Há uma grande complexidade nele, atípica para vinhos do Alentejo. E o preço é excelente.
Para acompanhar esse vinho, sugiro evitar o peixe, mesmo o bacalhau. Uma possível exceção aqui seja peixe cru (ou seja: sushis, sashimis e makimono), por conta da textura mais rústica. No mais, carnes simples ou mais complexas e frangos com molho são excelentes pedidas. 

domingo, 23 de setembro de 2012

Salton Poética Rosado


O vinho dessa semana é o primeiro, digamos, vernacular. (Vamos dizer que seja uma homenagem ao Brasil, bastante necessária depois da derrota do Vitor Belfort no UFC ontem – apesar de ele ter sido muito guerreiro).

1. FICHA TÉCNICA
 -- Produtor: Vinícola Salton
-- País: Brasil
-- Denominação de Origem: Não tem (mas, como a maioria dos bons vinhos do Brasil – mas não todos! – esse vem da região do “Vale dos Vinhedos”, em Bento Gonçalves/RS).
-- Uvas: 50% Chardonnay, 50% Pinot Noir (uma combinação clássica em espumantes)
-- Teor alcoólico: 11,5%
-- Ano:  Não informado (algo também comum em espumantes, exceto os chamados “safrados”, que, normalmente, são caríssimos – pense, para quem conhece, em “Dom Pérignon” ou, entre os brasileiros, Cave Geisse, que vem subindo, provavelmente, 1000% mais que a inflação, safra a safra).

2. MINHAS NOTAS DE DEGUSTAÇÃO
-- No nariz: complexidade média-baixa, aroma de laranja e um toque de morango (o rótulo fala em “flores”, mas eu não notei nenhuma nota floral, aqui)
-- Na boca: suave, frisante (“gasoso”) numa medida aveludada; gosto de limão e morango (novamente, não senti as “especiarias e frutas negras” mencionadas no rótulo).
-- Retrogosto: não muito pronunciado (o que é comum em espumantes), mas com um interessante toque de tomate maduro (uma nota que seria, normalmente, um “defeito” do vinho, mas na verdade muito gostoso, no caso deste vinho).

3. ONDE COMPREI E PREÇO
-- Supermercado Guanabara, da Avenida das Américas (Barra da Tijuca)
-- R$ 27,90

4. ALGUNS COMENTÁRIOS (e dicas de harmonização)
Este é o nosso primeiro espumante, e também o nosso primeiro rosado (ou, como às vezes o nosso esnobismo nos faz dizer, “rosé”...). E também é o nosso primeiro vinho nacional.
O Brasil vem construindo (mais ou menos ao longo dos últimos dez anos) uma reputação como produtor de bons espumantes. Por outro lado, a onda de calor que rondou o Rio de Janeiro (e outras cidades) na última semana não convida a tomar vinhos tintos, ou comer comidas que harmonizam com vinhos tintos.
Daí a ideia de um rosado (e espumante). Os rosados, na literatura especializada, são tratados como tintos, mas tudo vai depender, na verdade, das notas e gostos que se destacam no vinho específico. Os vinhos ficam rosados, porque o produtor permite que as cascas das uvas fiquem em contato limitado com o vinho no estágio de fermentação. É da casca que vem a “tinta” que faz a cor do vinho – daí porque uvas que têm a casca escura e grossa, como a Malbec, geram vinhos particularmente escuros. Embora algumas uvas viníferas tenham a casca verde – e, portanto, não sejam capazes de produzir vinhos tintos – essa não é uma regra universal para brancos. A uva Pinot Noir, por exemplo, gera tanto vinhos tintos (como os belos vinhos da Borgonha, na França) como vinhos brancos – notadamente espumantes.
Este Salton Poética, que leva Chardonnay (uma uva verde) e Pinot Noir (uma uva roxa), provavelmente foi deixado em contato com as cascas da Pinot Noir e ganhou um rosado bem avermelhado. No entanto, as suas notas de aroma e gosto são bem marcadamente brancas – especialmente os cítricos.
Em termos de harmonização, esse rosado vai muito bem sozinho (como vinho de aperitivo); com amendoins, castanhas e afins. Pensando em pratos, dado o teor alcoólico baixo e a predominância dos cítricos, esse espumante iria muito bem com um peixe assado (temperado com bastante limão, ervas picantes – como manjerona e alecrim – e vinagre branco), e com saladas mais leves (à base de folhas, grãos, tomate), especialmente se temperadas com um molho vinagrete clássico (que NÃO é o mesmo que molho à campanha!). Para outros pratos, provavelmente o gosto dele conflitaria ou se perderia.
Ah!, e, como todo espumante, este deve ser servido a temperaturas baixas. Mas cuidado: temperaturas baixas querem dizer entre 6 e 10 graus, mais ou menos – não menos. Temperaturas muito baixas fazem a atividade molecular do vinho ir praticamente a zero, o que impede que os aromas, principais responsáveis pelo sabor, saiam do vinho e atinjam o nosso aparelho sensório. Se você (como eu) não tem um termômetro, pense que sua geladeira está a no máximo 6 e no mínimo 2 graus (em regra) e o seu congelador deve estar em torno de -2 graus. Para servir, deixe uma meia hora em geladeira ou uns 10 a 15 minutos no congelador. 

domingo, 16 de setembro de 2012

Sacred Hill Shiraz-Cabernet 2010


O vinho dessa semana vem do outro lado do mundo.

1. FICHA TÉCNICA

-- Produtor: De Bortoli
-- País: Austrália
-- Denominação de Origem: Não tem.
-- Uvas: Shiraz (também escrita como “Syrah”) e Cabernet Sauvignon
-- Teor alcoólico: 13%
-- Ano: 2010


2. MINHAS NOTAS DE DEGUSTAÇÃO (chique, hein?)
-- No nariz: complexidade baixa, aroma de noz moscada (especiarias) e morango
-- Na boca: suave, levemente tânico (aquele gosto típico de fruta verde, especialmente caqui – mas que, no vinho, quando não muito pronunciado, é gostoso), um pouco de amora e, depois de abrir (isto é: ficar em contato com o oxigênio do ar), ameixa.
-- Retrogosto: muito suave, talvez lembrando um pouco caqui maduro.

3. ONDE COMPREI E PREÇO
-- Supermercado Zona Sul da Av. Bartolomeu Mitre
-- R$ 23,50

4. ALGUNS COMENTÁRIOS (e dicas de harmonização)
Dos três vinhos que coloquei no blog, esse é o menos complexo. É um vinho típico para o dia-a-dia, bom para tomar enquanto faz alguma coisa (como escrever algo na internet, por exemplo), e bom também para fazer uma boa redução em uma frigideira com os restos da grelha de um filé (e um alho amassado no murro) – a receita culinária é brinde, tá?
Outra particularidade interessante desse vinho é que ele é de rosca – ou seja: não tem rolha, nem natural, nem sintética. Como a maioria já sabe, a árvore que faz a cortiça (e, também, a rolha) está cada vez mais escassa. Por isso, as rolhas têm sido reservadas para vinhos que devem, lentamente, envelhecer na garrafa, para que fiquem mais suaves – ou, como se costuma dizer em língua de vinho, mais “redondos”. São os chamados “vinhos de guarda” (embora, como em tudo que diz respeito a vinho, também a rotulação de um vinho como “de guarda” envolva muito marketing).
Com a escassez de rolhas, tem-se apelado para rolhas sintéticas, ou, especialmente em vinhos do Novo Mundo (Austrália e Nova Zelândia mais do que os outros países), por roscas em alumínio. Essas roscas, como não são porosas, não deixam quase nenhum oxigênio entrar (ao contrário das rolhas, naturais ou não). Como resultado, esses vinhos não envelhecem em garrafa. Assim, quando você comprar um vinho de rosca, saiba que, segundo o produtor, é um vinho que você pode tomar imediatamente. Ainda há muito preconceito sobre o vinho com tampa de rosca, mas, como vou mostrar em um post durante a semana, esse preconceito vem se mostrando completamente infundado.
Ah!, e outra dica: já que não há rolha para ressecar os vinhos de rosca também não precisam ser guardados na horizontal (cujo objetivo é deixar sempre o líquido do vinho em contato com a rolha).